O grão de ouro do Nordeste- O significado do milho para o coração e alma do povo nordestino

Autor: Repórter Anna Luiza

O milho, para muitos agricultores nordestinos, é a principal forma de sustento, impulsionando as vendas e a agricultura familiar.  O caminhoneiro Litercílio Silva contou sua experiência no olhar dos trabalhadores. “O milho é bem produtivo dependendo da região e quando o Nordeste produz milho é uma alegria fora do normal, eu como caminhoneiro vejo a felicidade na cara do povo, não só do produtor, mas do povo em geral”. 

Através do seu relato, o caminhoneiro, que visita o Brasil todo e analisa lutas diárias da população, deixa notório a importância do milho para a cultura nordestina e do sustento de milhares de famílias.

O grão é o coração dos festejos e da cultura do Nordeste. Ele representa tantos aspectos, tantas lutas e valores. O milho trouxe e traz muita alegria nas mesas das famílias nordestinas. Há ouro no Nordeste e ele se chama – MILHO -. 

Por falar no famoso grão amarelo, não existe o frio gostosinho de junho sem um milho quente para aquecer os nossos corações. 

Quando se pensa em festa de São João, já vem logo na mente – o mungunzá, a pipoca, a pamonha, bolo, mingau, curau, o próprio milho – seja cozido ou assado – e claro o saboroso cuscuz que combina com todo tipo de mistura. 

Mas não é só nas festas juninas que o milho traz alegria para todos. Ele está presente na resistência de um povo, matando a fome de muita gente no sertão. 

E será mesmo que o milho é a escolha certa para o Nordeste plantar e consumir na época junina?  Para analisar esse questionamento o engenheiro agrônomo Josué Dourado Filho explicou que: “Entre os cultivos a serem plantados mediante a convivência com a seca, o grão que pode ser cultivado é o milho. Porque mesmo que você não tenha rentabilidade – como a soja ou feijão – ela pode proporcionar retorno financeiro, é também fácil de lidar, com poucas pragas e o clima do Nordeste é apropriado para o plantio e controles das pragas e doenças. E mesmo com a falta da chuva o milho torna-se uma possibilidade dentro dessa visão.”   

 O milho é um cereal muito utilizado na cultura nordestina, porque a base da comida é o milho. Em questão do São João a colheita desse cereal é plantada um pouco antes, em São José – quando se planta o milho nessa data você colhe-o maduro na festa junina – Então, de modo geral, a cultura do milho está enraizada com a cultura do Nordeste e por conseguinte o milho seria sim a melhor escolha para a região. 

De acordo com os dados do Levantamento sistemático da produção agrícola (LSPA) do Instituto brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Brasil, a produção do milho deve alcançar 98,5 milhões de toneladas do ano de 2025 e o Nordeste será uma das principais regiões de produção. Contudo, deve-se lembrar que a produção de milho no Nordeste varia muito durante os anos e épocas, devido às mudanças climáticas ocorridas na região. 

O significado do milho vai muito além de ser multifunções ou que o grão tem as melhores receitas, ele é valorização da cultura nordestina. O milho é memória afetiva, pois suas receitas juntam as famílias por gerações sendo passadas de mãe para filhos. 

Ele foi, por muitas vezes, alimento crucial para os que não tinham o que comer. Resistiu a dias que pareciam que não se iam sobreviver, porque quando os pais desesperados por não saberem o que fazer, havia os filhos brincando em uma fogueira, soltando bombinhas com uma espiga de milho na mão e um sorriso no rosto.

“Aprendi com meu pai e ele com a mãe dele e a mãe do meu pai aprendeu com a mãe dela e ensinei minhas filhas que vão ensinar minhas netas. Aprendi para ajudar nas despesas e vendia a pamonha com uma amiga minha, a pamonha foi ouro nos tempos difíceis.” relatou Sebastiana Vieira da Silva, sobre como aprendeu a fazer e vender pamonha para ajudar sua família. 

O São João é tradição, é folia, é cultura, é amor e muito milho.

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